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Rebuild #1 – O meu primeiro PC próprio (Parte 3 – Retrogamer: Doom II, Full Throttle e Dark Forces)

Finalmente chegou o momento mais esperado (ao menos para este que vos escreve) da série Rebuild #1: os jogos! Confira aqui três clássicos da década de 1990 que me proporcionaram muitas horas de jogatina, com detalhes sobre a configuração e algumas cenas do gameplay dos mesmos. Você descobrirá por que os jogos atuais são sombras pálidas destes clássicos em termos de desafio e diversão.


Doom II

Este clássico absoluto conta a história de um pobre Space Marine que deve combater uma horda de demônios vindos de um portal aberto diretamente do inferno. Doom II é uma versão revista e ampliada do seu antecessor (vale lembrar que o primeiro Doom nunca foi lançado comercialmente), o que não é um aspecto negativo visto que ambos foram revolucionários para a sua época: são criações da equipe de ouro da ID Software que contava com o lendário John Romero, dentre vários outros gênios. Lembro-me que babei horrores na primeira vez que vi o Doom II rodando, e pensei em voz alta: caramba (confesso que na ocasião utilizei uma expressão um pouco mais chula), que jogo foda! Imersão total, nunca antes vista!

O Doom II requeria ao menos um 80486 DX e uma placa de vídeo VLB com 1 MB de VRAM para ficar “jogável” – no meu DX4 100 MHz com uma placa de vídeo PCI roda muito bem. O jogo é para MS-DOS e utiliza o gerenciador DOS/4GW para passar o processador para o modo protegido e assim ter acesso a toda a RAM instalada – confira esta postagem para saber mais sobre estes termos.

Os que começaram a jogar no PC a partir da era dos Games for Windows com certeza irão estranhar. Softwares para o MS-DOS tinham drivers próprios para acessar os dispositivos, não há uma camada de abstração como o DirectX para facilitar as coisas. No caso do Doom, o utilitário SETUP.EXE permite configurar o som, os controles e mesmo jogar pela rede ou via modem.

Para configurar o som, começamos pela opção “Select Music Card”:


Como tenho uma SB 16 deve ser selecionado o driver “Sound Blaster”:


O mesmo se aplica para a opção “Select Sound FX”:


Devemos saber a IRQ da placa, senão nada feito. Outros tempos!
(Não sabe do que se trata uma IRQ? Então clique aqui!)


Selecionando o número de vozes a serem mixadas:


Pronto para testar os ajustes. Se tudo deu certo, o Doom II rodará lindamente com todos os efeitos sonoros – falando neles, o som deste jogo é espetacular. Uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos!


Segue um trecho do gameplay da primeira fase, cortesia da placa de captura AverMedia C127. Realmente estou enferrujado! :-)


Full Throttle


“When I´m on the road, I´m indestructible. No one can stop me, but they try!”
Ben, líder dos Polecats

Outro clássico absoluto. O Full Throttle pode ser considerado um misto de RPG com jogo de aventura, e faz um uso soberbo do estilo Point and Click. Os gráficos exploram ao máximo os limitados recursos da época e até hoje são muito bonitos, em um estilo HQ que recentemente foi resgatado por títulos como o The Walking Dead da Telltale, assim como o estilo Point and Click. O som é inacreditável para um título de 1995: as vozes e efeitos sonoros são de muito boa qualidade, e a trilha sonora feita pela banda The Gone Jackals mata a pau! Os requerimentos de sistema do título são um 80486 DX de 33 MHz, 8 MB de RAM, 1 MB livre no disco rígido, placa de vídeo SVGA com 256 cores, placa de som, teclado e mouse.

O jogo se passa num distópico ano de 2040 no qual você vive Ben, o líder de uma gangue de motoqueiros chamada Polecats acusado injustamente do assassinato do presidente de uma grande companhia, a Corley Motors, a última fabricante de motos que existe no mundo. Cabe a Ben provar a sua inocência para salvar não apenas a si mesmo, mas também os Polecats.

O jogo veio de brinde juntamente com o kit multimídia da Creative. O CD também contém um demo do Dark Forces com as três primeiras fases.


EDIT 13/10/2016: Achei o encarte original! :p


O início da rotina de instalação:


Devemos indicar o disco e o diretório onde o jogo será instalado:



O utilitário de configuração do Full Throttle. Escolhendo a placa de som:


Este utilitário é mais amigável que o do Doom II e detecta automaticamente os recursos de hardware utilizados pela placa de som:


Tudo certo!


Finalmente, eis a apresentação cinematográfica do Full Throttle assim como o comecinho do jogo:


Dark Forces

“Doom com Stormtroopers”. Este era a mais comum definição do Dark Forces no seu lançamento em 1995, visto que de forma inédita o título trouxe o universo de Star Wars para o formato dos jogos de tiro em primeira pessoa. De qualquer modo, o resultado foi um jogo espetacular! Aqui você é Kyle Katarn, um mercenário a serviço da Aliança Rebelde que deve investigar a criação de novos droids e stormtroopers pelo Império Galáctico.

O jogo roda até em um 80386 com 8 MB de RAM e 4 MB de espaço no disco rígido, mas vá por mim: para uma boa experiência você vai precisar ao menos de um 80486 DX2 de 66 MHz com uma placa de vídeo VLB razoável. Sem falar que o mesmo é um devorador de memória, como podemos ver na primeira tela de instalação:

Vejam no alerta em verde: o jogo exige aproximadamente 7 MB de RAM para rodar, um valor alto para a época

O de praxe: a seleção do diretório e a cópia dos arquivos:



O instalador se oferece para criar um disquete de boot otimizado para rodar o jogo. Outros tempos...


O utilitário de configuração da placa de som é igual ao do Full Throttle, visto que ambos são da mesma produtora.

Ao tentar executar o jogo surge o aviso de falta de memória. Decidi não criar o disquete de boot, mas sim configurar o DOS na unha para liberar mais memória.


Criei um menu de inicialização para o MS-DOS com uma opção minimalista que carrega apenas o estritamente necessário para o funcionamento dos jogos. 

Antes: 5,5 MB de RAM total livres, e 489 KB de memória convencional.


Depois da otimização: 7,6 MB de RAM total livres, e 527 KB de memória convencional.


Resolvido o problema, segue um trecho do jogo para dar água na boca:


É isto aí, um forte abraço e até a próxima!

Anterior:

Veja também:

Comentários

  1. - Ben, what's the deal? Did you find something up the road? Are we headed for trouble?

    No. We're in it.

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  2. Imagino até onde um jogador sem grana na década de 90 conseguiria ir com um 486 com overclock para 120MHz e placa de vídeo PCI de 2 MB. Vale o teste, Michael? :)

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    1. Sem dúvida. O overclock basta subir o FSB para 40 MHz e colocar um cooler com ventoinha.

      Já a placa de vídeo eu queria pegar uma S3 Vision, ATI Mach64 ou Matrox Millennium, que eram as melhores 2D da época, o problema é que é bastante difícil achar uma delas. Mas estou procurando. :-)

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    2. Existe alguma verificação nos jogos antigos para identificar a família dos processadores, que impede um jogo que exige um Pentium rodar num 486 120 MHz? Caso não haja, seria interessante ver um jogo desse rodando nessa máquina tunada ;)

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    3. Não me lembro de algum jogo em particular que tenha esta verificação. Porém me recordo que na época o GP2 ficava meio amarrado no DX4 (só rodou liso depois que mudei para um Pentium MMX), é um título que vale a pena testar. Sem falar dos benchmarks.

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  3. Joguei muito saporra. Lembro quando comprei um kit multimedia sound blaster, antes só usava pc speaker. O mundo era outro e SimCity e Doom viraram outros jogos. Até lost vikings melhorou fortemente. Saudades enormes dessa época.

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    Respostas
    1. Lembro-me que quando ouvi pela primeira vez a música do Doom II na placa de som babei horrores!!!

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