Pular para o conteúdo principal

O dia em que o meu PC falou

Dezembro de 1995. Faziam seis meses que o meu primeiro PC pessoal havia chegado em nossa casa. Para a época, era uma configuração bastante razoável:

  • Processador Intel 486 DX4 100 MHz;
  • Placa mãe Soyo (não me lembro do modelo exato);
  • 8 MB de memória RAM;
  • Placa de vídeo S3 Vision 864 2 MB PCI;
  • Disco rígido WD Caviar 540 MB;
  • Monitor VTC CRT 15” com resolução máxima de 1024 X 768;
  • Sistema operacional MS-DOS 6.22 e Windows 3.11.

O PC vinha sendo um ótimo companheiro. Estava junto nos meus trabalhos escolares (como era um dos poucos da minha turma que tinha um computador em casa, acabei virando o “digitador oficial”, o que fazia com satisfação), bem como também nos meus momentos de lazer, com jogos clássicos como Doom II, Wolfenstein 3D e o primeiro World Circuit (também conhecido como GP1).

O único problema do meu companheiro é que ela era bastante calado e tímido. Não falava muito, se limitava apenas a grunhir alguns bipes no seu pequeno alto-falante interno. Nesta época, porém, estava em curso uma pequena revolução que transformaria a nossa interação com os computadores definitivamente: os então chamados “kits multimídia”, que adicionavam ao PC um leitor de CD-ROM e uma placa de som, imediatamente o levando a um novo patamar de interatividade!

Pela bagatela de 300 obamas (na época), encomendamos para o nosso 486 um kit multimídia da Creative, considerado um dos melhores da época, que continha uma placa de som Sound Blaster 16 ISA, um leitor de CD-ROM "Quad Speed" e um par de caixinhas de som estéreo.

Placa de som Sound Blaster 16: a primeira com qualidade de som "de CD"

Drive de CD-ROM Creative "Quad Speed" (4X) - a taxa de transferência era assombrosa para a época: 600 KB/s

Aguardei ansiosamente a chegada do kit, que por motivos de força maior atrasou alguns dias. Quando ele foi finalmente instalado, tive a certeza de que estávamos diante de uma revolução sem volta (hoje em dia qualquer placa mãe, por mais barata que seja, possui uma interface de áudio integrado que é muitas vezes superior à SB16). A Sound Blaster 16 não foi a primeira placa de som a surgir, mas foi a primeira que prometia uma “qualidade sonora de CD”.

De repente, aquele sisudo e calado equipamento se tornava em um verdadeiro centro de entretenimento. Os jogos ganharam nova vida! E não era só isso: agora eu podia consultar enciclopédias em CD (o nosso kit multimídia veio com a Grolier edição 1995), o que era uma mão na roda para as minhas pesquisas escolares:

Enciclopédia Grolier 1995 em CD-ROM

Enciclopédia Grolier edição 1995 rodando no Windows 3.11

E também agora eu podia digitar os meus trabalhos escolares enquanto ouvia os meus CDs do Iron Maiden (arquivos no formato MP3 não existiam ainda). Show!

Para finalizar, fica algo a se pensar: enquanto que hoje em dia assistir a vídeos e filmes on-line, bem como colecionar milhares de músicas em formato digital é algo corriqueiro, nem sempre foi assim. A tecnologia percorreu um longo caminho até chegar ao nível atual de interatividade. Imagine o que teremos daqui a 20 anos? É difícil dizer, mas é certo que tornará o que fazemos hoje em algo tão anacrônico quanto o que fazíamos em 1995.

Veja também:

Comentários

  1. Lembro a primeira vez que joguei SimCity 2000 e Doom 1 e Doom2 com multimidia as coisas tinham mudado radicalmente... Excelente post

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente a experiência mudava da água pro vinho! Me lembro que babei horrores quando rodei o Doom 2 pela primeira vez com a placa de som... fodástico!

      Excluir
  2. Excelente matéria. Bons Tempos.

    ResponderExcluir
  3. Acho que é o mesmo kit que meu pai comprou junto com o PC no final de 95. Sound Blaster 16 Value CD 4X. Veio com essa enciclopédia, um CD da própria Creative com utilitários diversos (incluindo um órgão/teclado musical virtual e um player CD de DOS), disquete com drivers e um CD com vários jogos incluindo alguns famosos como Space Hulk, Populous 2, RPG da série Ultima e Wing Commander Academy. Vinha numa caixa enorme e muito bonita! Bons tempos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que é este mesmo! O meu veio com os jogos Full Throttle, Dark Forces, Descent e um jogo de futebol americano.

      Excluir
  4. Sou dessa época aí. Tenho 40 anos. Por volta de 95/96 meu pai me deu, era isso ou a viagem pra Disney, um IBM Aptiva 486 DX4/100. Lembro como se fosse hj, naquela época colocávamos uma tela escura no monitor, além das capas plásticas no gabinete, o meu era desktop, monitor e teclado. Época das BBS, revistas Computer & Games, BigMax, Revista do CD-ROM e etc! Heretic até 3h am! Bons tempos!

    ResponderExcluir

Postar um comentário