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Rebuild #1 – O meu primeiro PC próprio (Parte 1 – Apresentação dos componentes e montagem)

A Rebuild é uma das séries que sempre quis fazer aqui no blog. Afinal de contas, é um sentimento único reviver as configurações que você já teve, com as boas lembranças que sempre estão associadas e elas – é quase como pegar emprestado o DeLorean do Doc Brown e voltar diretamente no tempo. 

A principal premissa é que a configuração deve ser a mais próxima possível a do período, enquanto que a única “licença poética” permitida diz respeito a componentes que você quis ter mas jamais conseguiu comprar na época, ou seja, é uma forma de satisfazer a sua vontade mesmo muitos anos depois. Também é feita uma exceção caso algum componente seja de difícil obtenção ou não funcione.

Nesta primeira temporada da série Rebuild, voltaremos 21 anos no tempo quando após muito sacrifício a minha família finalmente pode comprar um PC próprio, baseado no processador Intel 80486 DX4-S de 100 MHz. Apertem os cintos do DeLorean e voltem comigo diretamente até 1995!

Este PC foi atualizado, veja aqui a nova configuração.


É com muito prazer que compartilho com vocês a configuração do meu primeiríssimo PC:

Processador – Intel 80486 DX4-S de 100 MHz

Idêntico ao da época. Confira todos os detalhes sobre ele nesta postagem.



Placa mãe - PCChips M921 486AVIP

Tenho que admitir que não consigo me lembrar do modelo exato da placa mãe do meu primeiro PC. Apenas me recordo que ela já era baseada no barramento PCI e contava com a WinBIOS da AMI, visto que é da última fornalha da geração 486. A placa PCChips M921 486AVIP é a que mais se aproxima destas características – confira todos os detalhes sobre ela aqui.


Muitos anos antes dos firmwares UEFI, a WinBIOS já tinha uma interface gráfica e permitia o uso do mouse :-)

RAM – dois módulos SIMM-72 de 4 MB FPM (-7)

Na época 8 MB de RAM era uma quantidade de memória que muitos servidores de pequeno porte não tinham. Meus amigos babavam!


Placa de vídeo – Trident 9680 com 1 MB de VRAM PCI

O PC pioneiro era equipado com uma S3 Vision 864 PCI, porém encontrar uma realmente é difícil. Esta Trident é bastante similar à S3, além do que era infinitamente mais popular na época.


Placa de som – Sound Blaster 16 ISA

É a clássica SB16 CT2290 ISA de legado (note os jumpers de configuração). Na época tive uma SB16 Plug and Play, porém de acordo com as minhas memórias foi um pesadelo fazê-la funcionar no MS-DOS. Placas ISA tradicionais são muito mais adequadas para serem aplicadas em conjunto com softwares que rodam no MS-DOS, tais como jogos.


Note a presença deste componente discreto (resistor) no lado das trilhas da SB16. Outros tempos...


Os conectores da SB16, da esquerda para a direita: MIDI/Joystick, Speaker Out, Line Out, Mic In e Line In.


Placa de rede - 3Com EtherLink III ISA

Esta é uma das liberdades poéticas, visto que em 1995 redes locais eram algo distante do ambiente doméstico. Utiliza o clássico driver "NE2000 compatível" e opera a 10 Mbps.


Disco rígido – Western Digital Caviar de 540 MB

Este é EXATAMENTE o disco rígido que equipou o meu primeiro PC, foi o único componente que pude guardar. Comprado em Miami, despertou a admiração de muitos na época, o que mais ouvia era: cara, você jamais vai conseguir encher ele! :-)


Unidade de CD-ROM – Creative Double Speed

O principal upgrade feito na época foi um kit multimídia de Creative, que continha, além da supracitada placa de som Sound Blaster 16, também uma unidade de CD-ROM Quad Speed (600 KB/s de transferência – veja mais detalhes na postagem O dia em que o meu PC falou). 

O mais próximo que consegui encontrar foi este lindo Creative Double Speed (300 KB/s), o qual utiliza uma interface proprietária da Panasonic e não a IDE. A placa de som Sound Blaster 16 possui uma porta desta interface, porém não consegui achar um driver que faça a unidade funcionar no MS-DOS. 

EDIT 08/09/2016: A unidade está em pleno funcionamento agora. Confira nesta postagem todos os detalhes!


Unidades de disquete – 3,5” e 1,44 MB, 5,25” e 1,2 MB

Em 1995 disquetes de 5,25” ainda eram muito utilizados, logo era necessário ter esta unidade em complemento à de 3,5”.



Gabinete AT padrão

Achei este lindo gabinete AT clássico, que é muito parecido com o que eu tive na época.


Conforme podemos ver na inscrição, anteriormente ele abrigava um Pentium 133. :-)


Fonte – AT padrão de “300 W”

Duvido que ela realmente forneça 300 W, mas enfim, está valendo.


Sistema operacional – MS-DOS 6.22 e Windows for Workgroups 3.11

Para manter a originalidade da época. Em 1995 eram realmente poucos os que usavam Windows NT em casa. :p


Montagem

Como infelizmente a presilha plástica do único cooler para soquete 3 que eu tenho no RETROLab quebrou-se, minha primeira preocupação foi com o sistema de resfriamento do processador até eu reparar o cooler danificado ou obter outro. Felizmente descobri que a pasta térmica, além de conduzir calor, também pode ser um bom produto de fixação.


O dissipador ficou fixado apenas pela pasta térmica, muito embora ele seja bastante leve (não posso garantir que a “adequação técnica” funcione com dissipadores maiores e mais pesados). Por enquanto ficará apenas com refrigeração passiva.


Placa mãe com o processador e módulos de memória instalada no gabinete.


Aqui com todos os componentes montados.


Tudo no lugar.


Lindão!


Espero que tenham gostado! No próximo episódio da primeira temporada do Rebuild colocarei esta joia para funcionar. Até lá!

Próximo:
Rebuild #1 – O meu primeiro PC próprio (Parte 2 – Configurando o sistema)

Comentários

  1. Ficou muito lindo mesmo, espero que funcione tudo de boa. Na minha opinião esta foi a época mais fascinante da informática, tinha mais graça ao se montar um PC. Apesar de ser muito difícil comprar as peças, era muitíssimo caro. Muito legal a sua ideia de fazer estes Rebuilds, continue assim.

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    1. Muito obrigado! Particularmente acho a era do 486 a mais fascinante, pela grande diversidade de padrões e fabricantes que haviam. Porém realmente era tudo muito caro, até mesmo porque a lei da reserva de mercado havia caído há pouco tempo.

      Na época compramos este DX4-100 pois os 486 já estavam no final da vida, assim conseguimos um preço razoável. Um Pentium 100, por exemplo, custava três vezes mais.

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  2. Em 2000 trabalhei numa loja de informática que um belo dia entrou um rapaz querendo comprar uma placa de vídeo. Tínhamos uma Voodoo 2 ou 3 e uma Riva TNT, e o cara disse que tinha um 486! Meu chefe indicou a Voodoo, e alertou que a imagem ficaria linda, mas que iria ficar travando, quase parado. Se a minha memória não falha, ele não levou nem a placa e nem um computador novo. Sempre lembro dessa história quando vejo um 486 ou uma Voodoo. Imagina que mistura, um 486 com uma Voodoo 3 PCI!

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    1. Cara, você me deu uma ideia! Tenho uma Voodoo 2 PCI e uma TNT2 M64 PCI, uma hora dessas coloco no 486 só para ver o que rola!

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  3. Te dou 1000% de apoio moral pra fazer esse teste. Se aceita sujestão, teste jogos que usam directx e glide, tipo Tomb Rider, NFS II SE, Descent, Rollcage... pra ver o qual seria o impacto do desempenho numa CPU tão fraca pra jogos 3D. Seria o teste avó do DX12 x Vulkan.

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    1. O maior problema seria a RAM, muitos destes jogos exigem 16 MB ou mesmo 32 MB para rodar. Como a placa mãe do 486 tem apenas dois slots, teria que encontrar dois módulos de 16 MB FPM (essa placa não suporta EDO) compatíveis, mas enfim, é um projeto para o futuro.

      Pretendo sim fazer um comparativo DirectX vs Glide (usando jogos como o NFS III e o Unreal Tournament 99), porém em uma plataforma mais moderna, talvez com um Pentium II ou mesmo um K6-2 ou III. Nesta postagem dei uma pincelada sobre o tema:

      http://www.michaelrigo.com/2014/03/nos-anos-90-um-pc-de-jogos-era-assim.html

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  4. Bah, essa seria uma ótima oportunidade de mostrar o poder do lado verde da força, botando um K6-2 ou K6-III, meu maior sonho de consumo de processador de todos os tempos. Até hoje só vi um PC com ele, era de um amigo de Frederico Westphalen, em 2001, e ainda por cima era o modelo +, mas não lembro qual era a velocidade, mas é provável que fosse de 400MHz. Uma postagem sobre overclock de 486, MMX e família K6 seria massa, também. Um abraço!

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    1. Eu tive um K6-III 400 MHz, aliás, felizmente tenho ele até hoje! Muito em breve sairá uma postagem. ;-)

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  5. Cara que nostalgia... Eu tive um PC igualzinho a esse que meu pai trouxe do Paraguai, na época dos sacoleiros, dos ônibus Cometa pintado de branco ou prata. Caramba, busquei isso no fundo do baú da memória...
    Parabéns, guarda isso com carinho, pois é relíquia!

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