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E a Internet brasileira fica cada vez mais burra #2

O mestre Gabriel Torres anunciou que vai mudar o modelo de negócios do Clube do Hardware, que será focado no fórum e não mais nas análises dos componentes. Triste, muito triste! Aproveito para também informar sobre uma mudança no perfil das postagens do blog.



O anúncio do Gabriel Torres está aqui. No vídeo, ele começa falando da sua trajetória pessoal, da criação do Clube do Hardware e da dificuldade de conseguir anunciantes aqui no Huezil (se o GT tem dificuldade, imagina eu?). Por fim, ele revela que 85% do tráfego do site vem do fórum, 10% das análises e 5% das notícias, o que o levou a tomar a decisão de focar no fórum.

Como acompanho o trabalho do Gabriel desde 1996, justamente o ano em que ingressei na faculdade de Ciência da Computação, para mim é uma notícia deveras triste. Sempre acessei o CDH ansioso para ver análises dos componentes de hardware, e aqui no blog tomo os resultados do CDH para fins de comparação por confiar na isenção que sempre pautou os trabalhos do mestre, que foi um dos grandes gurus da minha carreira profissional.

Em um passado não tão distante, tivemos a saída do também gigante Carlos E. Morimoto, o fim do Fórum PCs e do Baboo, e agora a mudança de foco do CDH. Sem falar também da tradicional mídia impressa, representada pela saudosa revista PCs.

E o que nos resta agora? Sites superficiais do tipo “tech-alguma-coisa”, youtubers com o ego na estratosfera (salvo raríssimas exceções) e uma legião de zumbis de redes sociais, para os quais a Internet é um mero meio de acesso ao feice e ao insta. Parem o mundo que eu quero descer!

PS: pegando um gancho, informo que também vou fazer uma mudança por aqui e deixarei de cobrir as notícias. Por mais que eu procure dar um toque crítico e pessoal às mesmas, ao contrário da maioria dos sites que apenas fazem um "Ctrl+C Ctrl+V" uns dos outros, eu não tenho como competir com a prontidão de meios que contam com equipes em dedicação exclusiva. Assim as postagens de notícias acabam tendo poucas visualizações, e o trabalho para produzi-las é considerável pela preocupação que eu tenho de checar as fontes (coisa que muitos jornalistas de ofício não fazem).

Desta forma, o blog se tornará meio que um portfólio dos meus projetos e assuntos correlatos, como os unboxings dos componentes e dicas associadas. Vez ou outra publicarei off-topics, principalmente sobre música pois é um tema que me agrada bastante, mas não serão muito frequentes. O negócio é manter o foco.

Comentários

  1. Infelizmente foi algo que já esperava fora que o Gabriel Torres já avisou algumas vezes que estava cansado...sinceramente eu esperava que ele um dia fecharia tudo mas pelo menos ele vai deixar o fórum aberto e funcionando...

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    1. Fazem anos que ele estava com dificuldade de fazer as contas do CDH fecharem. Não é fácil, nem para um autor consagrado como ele.

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  2. O maior problema é que na minha opinião a microinformática doméstica acabou e tudo isso começou quando o primeiro Iphone foi lançado...

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    1. Sim, para 99% das pessoas um smartphone já atende perfeitamente, e quem precisa de mais capacidade vai para os notebooks. PCs se toraram máquinas de um nicho bastante específico.

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  3. Realmente tá ficando difícil achar alguma informação boa na internet. Os bons estão desaparecendo.
    Muitas vezes quando vou fazer uma busca no google, eu digito o que procuro e depois o sinal de menos youtube
    (-youtube).
    Estou restaurando um antigo 286, e realmente só encontro boas informações em sites em ingles.
    Sou também um hobista em eletrônica, e recentemente quando estive no Brasil, fui a Santa Ifigênia, e quase não se encontra mais nada por lá, é só aquela rua cheia de tranqueiras e produtos chineses repetidos. Lógico, tem excessões mas as boas lojas ficaram na saudade.
    Eu estava conversando com um vendedor, e ele comentou que o hobby de eletrônica está quase desaparecendo. Hoje as pessoas apenas querem montar um kit do Arduino e já acham que sabem tudo, e não se importam em conhecer a base que é a eletrônica.
    O forum do Clube do Hardware é bom, mas assim como em outro lugar atualmente, as vezes vejo alguns comentários tão idiotas!!!
    Espero que o Blog do Michael continue firme e forte!!! Um dos poucos lugares onde podemos encontrar informações serias e confiáveis em um ambiente agradável e muitas vezes com bom humor.

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  4. A santa efigenia se quiser componentes vc vai pro predio 296 da santa ou bc vai ns rua dos timbiras...O arduinio e uma outra praga que acabou com o hobismo de componentes e eletrônica fora que tem muita gente que se acha so porque porque sabe programar o Arduino virou técnico eletrônica...

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  5. Eduardo, endosso suas palavras. Frequento a região da Santa Efigênia desde 1977, e foi impressionante como o perfil do comércio mudou de lá para cá. A região tornou-se um gigantesco camelódromo. As lojas dedicadas a Eletrônica desapareceram em sua grande maioria. Algumas ainda persistem no local e outras foram para a Internet. Lembro que por lá chegaram a existir TRÊS livrarias técnicas, A Litec, a Antenna e uma outra da qual não me recordo o nome. Produtos e componentes simples, fáceis de encontrar nos anos 70 e 80, hoje são uma raridade, como por exemplo formas para enrolar bobinas para rádios experimentais e capacitores variáveis de alumínio.

    E a situação da Eletrônica aqui no Brasil é grave. É como você disse, o sujeito compra um kit de Arduíno, faz piscar um LED e pensa que sabe tudo de Eletrônica, mas não sabe a diferença entre 1 Volt, 1 Ampere e 1 Watt. Pior ainda, alguns pensam que existem duas Eletrônicas: a Analógica, considerada por eles antiga e ultrapassada, e a Digital, a qual consideram "moderna". É esse um dos motivos de não de dedicarem ao estudo da Eletrônica básica e da ainda mais fundamental Elétrica.

    Saudades dos bons tempos em que as pessoas eram mais inteligentes e dedicadas. Encontrava-se nas bancas de jornais diversas publicações técnicas na área da Eletrônica, como a Nova Eletrônica, Monitor, Antena, Saber, etc... O desaparecimento delas significa mais do que uma mudança na forma de distribuir conteúdo. Aqui no Brasil não existe mais nem no digital, sinal do desinteresse absoluto pelo assunto. Na área específica de computação se vê o mesmo.

    O negócio hoje é ficar esfregando o dedo na tela de celular xing-ling, vendo os últimos videos e notícias falsas. De quebra sendo atropelado por um busão enquanto atravessa a rua sem tirar a cara da tela do celular.

    É um desabafo.

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  6. O Clube do Hardware teve seu tempo de glória quando seu conteúdo atendia um vasto público. Como já foi citado aqui mesmo, desktops hoje em dia atendem a um público muito restrito. Eu não concordo que isso é um emburrecimento, porque a mudança dos paradigmas é um fenômeno constante.

    Meus pais achavam q era um retrocesso eu ficar esperando dar 14h de sábado pra me conectar na internet, isso lá no final dos anos 90. Os paradigmas mudam. O celular não deixa as pessoas mais burras; elas já eram burras na era dos desktops. O youtube de hoje eram os blogs e fotologs de antigamente. O whatsapp de hj era o ICQ e o MSN de ontem. Esse saudosismo geracional não é inteligente. Os jovens de hoje sofrerão do mesmo conservadorismo piegas quando as coisas mudarem novamente mais pra frente.

    Eu considero que a evolução da tecnologia está sendo fantástica. Minha própria mãe, q nunca consegui fazer sentar na frente de um PC, hj utiliza um celular com maestria pra se comunicar, se informar, fazer transações bancárias. Eu mesmo, que tenho como hobby a retrocomputação, hoje tenho uma vasta rede de colegas cujo contato e compartilhamento de informações se deve ao facebook. Outros colegas do mundo todo postam vídeos informativos e tutoriais de suas montagens via youtube e outros sites. A evolução é benéfica.

    O mercado saberá tratar o nicho dos desktops adequadamente. Sempre que há uma necessidade, alguém se prontificará em atende-la. Só que, sendo um mercado muito mais restrito, com pequeno faturamento e lucratividade, provavelmente será relegado a entusiastas sem fins lucrativos, do mesmo modo que acontece hoje com a retrocomputação. Gabriel Torres não era um cara bonzinho q adorava PCs. Ele uniu seu conhecimento com o que o mercado desejava pra ganhar dinheiro. Só q a fonte secou e ele, pelo visto, não pretende se adaptar.

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    1. Concordo. Até mesmo a minha saudosa avó, que nunca chegou perto de um PC, conseguia usar um smartphone numa boa.

      O problema que eu vejo é a escassez cada vez maior de boas fontes de informação sobre tecnologia, principalmente em língua portuguesa.

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  7. Olha pessoal, se é saudosismo ou é decadência uma discussão de alto nível não irá abalar a amizade de ninguém, eu espero :-) mas de qualquer forma deixo aqui um endereço que boa parte provavelmente já conhece e que é uma das grandes fontes de informação brasileira do universo da informática e eletrônica: https://datassette.org

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    1. Bacana! Vi que lá tem o ibrape m350. Eu montei esse kit a muuuito tempo!

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  8. Eu concordo com ums dos comentários acima quando o usuário disse que a microinformática doméstica acabou quando o primeiro Iphone foi lançado!
    Se tentarmos pensar como usuário leigo podemos perceber que faz sentido usar Smartphone ao invés de tentar dominar um PC. Para quem só usa o trio Facebook/Whatsapp/Instagram um celular/tablet é mais do que suficiente!
    Eu que não sou leigo (tenho formação técnica em T.I.) uso minha Smart TV (com Android Box) para acessar várias coisas e só ligo o notebook quando preciso realizar alguma tarefa mais complexa.
    E curto muito retrocumputação, tanto que mantive um pequeno canal no You Tube sobre virtualização e instalação de sistemas antigos (e atuais) por três anos, recentemente resolvi não mais atualizá-lo! Infelizmente esse tipo de conteúdo não faz mais sucesso como antigamente!

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    1. Assim como os PCs, retrocomputação é de um nicho muito específico. Mesmo aqui no blog as postagens sobre componentes clássicos dão bem menos views do que as de outros assuntos, como dicas diversas.

      Muitas vezes já pensei em parar também (muito por pressão familiar, pois é algo que toma um bom tempo), mas mexer com hardware para mim é melhor do que qualquer terapia para aliviar o estresse (eu já perdi qualquer expectativa de ter algum retorno financeiro aqui), assim vou levando como um hobby até onde for possível. Mas fatalmente o fim chegará, só não sei dizer quando.

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  9. Não faz mais sucesso no Brasil, mas se voce pudesse fazer em ingles, teria uma audiência razoável. Eu sonho em fazer um blog com minhas experiências com retrocomputação e eletrônica, inclusive à válvula. Não sou especialista nessa area, mas quando a gente ama o que faz, as coisas podem acontecer.

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    1. Eu já pensei em fazer uma versão do blog em inglês, o problema é a falta de tempo para traduzir as postagens... 😟

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  10. Nem fala em falta de tempo!!!
    Como preciso cuidar de minha filha de dois anos e meio, pois minha mulher trabalha umas 10 horas por dia, eu só consigo ver algo sobre retrocomputação na tela do celular.
    As vezes no inicio da noite, consigo fazer alguma coisa em meus pcs, mas não dá pra se aprofundar em algo que exige mais atenção.
    De qualquer forma, acaba sendo uma boa terapia e passatempo.
    Sem falar nos jogos que tenho instalados da Steam e Ubisoft.
    Total de tempo jogado em cinco anos: uma hora e meia!!!

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