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A grande suruba do comércio eletrônico brasileiro

Veja aqui a história de como uma simples compra de três produtos pode tornar-se um teste de paciência em uma grande loja do comércio eletrônico brasileiro. Aproveito a oportunidade para comentar também sobre a grande suruba que vem tomando conta das lojas on-line tupiniquins em geral.



Sexta-feira preguiçosa, processo pesado rodando no PC, fatura do cartão de crédito fechada. Cenário ideal para fazer compras on-line! Obaaaa! Desta feita eu estava a fim de comprar três produtos: um presente de aniversário para a minha filha, uma capa para o celular da patroa e um CD do Led Zeppelin (sim, devo ser um dos últimos seres humanos da face da Terra que ainda compra CDs). Pois bem, depois de alguns cliques pesquisando encontrei os três itens em uma única loja, o que significaria uma única entrega e uma única transação no cartão de crédito. Maravilha!


Pois bem, adicionei o presente da minha filha ao carrinho de compras. Perfeito! Em seguida fui acrescentar a capa do celular e um segundo carrinho de compras foi criado, aparentemente sem ligação com o primeiro. Como sou ingênuo! A boneca da minha filha era fornecida e entregue por outra empresa, que só usava a bandeira da loja principal onde eu estava comprando. Que coisa! Porém mesmo assim decidi prosseguir com a compra (o que não fazemos por um filho?) apesar de ter que fazer dois pedidos e fui acrescentar o CD juntamente com a capa do celular. Nada feito! Surgiu uma mensagem informando que produtos de Games, Celular e Informática não se misturam com gentalhas como CDs! Inacreditável!


Quer dizer, para uma compra simples de três itens ordinários a loja queria que eu fizesse três pedidos (com três entregas) e passasse o cartão de crédito três vezes. Seria a mesma coisa se a padaria do Joaquim me obrigasse a passar no caixa três vezes para comprar o leite (fornecido e entregue pelo laticínio do Manoel), a mozzarella e o pão, que não pode ser comprado juntamente com laticínios. Cômico!

O relatado episódio me fez reparar que este expediente de terceirização de estoque virou mania entre as lojas brasileiras. Produto X vendido e entregue por Fulano. Eu particularmente prefiro não comprar em tais condições, pois a chance de uma falha de comunicação e consequente problema na compra aumenta na mesma proporção que cresce o número de envolvidos. Como diria aquele velho deitado, a inteligência artificial é atrapalhada pela burrice natural. Em caso de problemas, quem responde? A empresa que anunciou sob a sua bandeira ou a que efetivamente fornece o produto? Como não tenho o melhor dos humores para resolver problemas em compras on-line prefiro nem arriscar. E antes que me venham falar que este tipo de outsourcing existe nos EUA há tempos, digo apenas para observar o abismo que há no respeito ao consumidor lá e aqui.

Quanto à compra em questão, fiquei tão frustrado que não concluí nenhum pedido. A boneca da minha filha comprei em outro lugar (e por um preço menor), enquanto que a capa do celular e o CD decidi comprar em loja física mesmo na próxima vez que der um pulo no shopping. Perderam um dinheiro fácil.

Para finalizar, deixo um recado: em minha opinião não vivemos em uma democracia e logo não temos liberdade de expressão. Desta forma evitei mencionar o nome das lojas envolvidas no texto e nas imagens, até mesmo porque é uma prática disseminada. Não tenho como bater de frente com o departamento jurídico destas empresas, tampouco saco para isto.

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Comentários

  1. Esse postei no facebook!! Realmente esses sites de compras fazem uma grande "suruba", que nos deixam com a pulga atrás da orelha, pois dá medo de encarar certas compras e acabar não recebendo o produto de forma correta.

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    1. Como disse no texto, não compro em hipótese alguma produtos "fornecidos e entregues" por terceiros. Fico imaginando o jogo de empurra-empurra em caso de problemas...

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  2. Para quem costuma fazer compras online nem é necessário falar qual site é esse, só pela aparência da pra saber ;D

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  3. Triste e real, infelizmente somos um mercado muito imaturo e juninho ainda, temos muito a crescer e aprender, vide a Amazon lá fora. As avaliações dos produtos positivas e negativas, são um tapa na nossa cara.

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    1. A Amazon faz isto há anos, mas como escrevi não tem comparação.

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  4. Observem que muitas pessoas, vamos designa-las como aventureiros, se aproveitam de fornecedores, algumas vezes idôneos para ganhar dinheiro fácil ! A empresa e o dono deste site de vendas não tem endereço, funcionários, responsabilidade nenhuma por absolutamente nada que é vendido, é um tirador de pedidos on-line. Se algo der errado, não irá responder pelo dano. já vi colegas terem estes problemas e sugiro que façam como o Michael, não comprem nestes sites.
    Forte Abraço,
    Fabiano.

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  5. Compro há uns 5 anos (2010) pela internet, principalmente dos maiores e mais famosos como Kabum, Submarino, Saraiva, além do ML. Como é de se esperar, alguns problemas sempre ocorrem, principalmente no ML, mas nada de muito grave (não compro nada caro, também). O que ocorre com relativa frequência comigo são pequenas avarias, como por exemplo um gabinete Fortrek Cyclop que veio com a tampa lateral afundada. Não fiz nada a respeito, acho que a burocracia e dor de cabeça não compensa. Conversando com um funcionário dos Correios a respeito, ele me disse que quando isso ocorre é sempre por causa dos carregadores, sempre apressados e estressados, jogando mercadorias de um lado pro outro. Dá até pra imaginar. Lamentável isso.

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    1. Já eu me lembro que a primeira compra on-line que fiz foi em 2000, estou ficando velho! Durante este tempo já tive alguns problemas e dores de cabeça para resolver. Certa vez comprei um produto que veio com defeito na Americanas e tive que recorrer à ouvidoria da empresa para resolver, depois de semanas sofrendo nos canais normais de atendimento.

      Quanto ao ML, depende totalmente do vendedor. Uma vez comprei um processador/placa mãe e o caminhão dos Correios foi assaltado, extraviando a encomenda. O vendedor prontamente enviou outro conjunto idêntico ao que eu havia comprado. Até hoje somente tive um problema no ML, o qual foi resolvido depois que eu abri uma disputa (havia comprado quatro itens de um produto e o vendedor enviou apenas um), sorte que o valor era baixo.

      Para efeito de comparação, em meados de 2013 comprei a minha primeira GTX 760 no Kabum e também tive problema de extravio, e a loja levou quase 40 dias (depois de eu muito sofrer para conseguir atendimento via e-mail/chat/telefone) para devolver o valor em créditos no login (o estoque da placa havia esgotado), e olha que eles tem contrato com os Correios. Recorri ao Reclame Aqui e já estava até com a papelada pronta para ir no Procon quando eles colocaram o crédito no login. No geral a agilidade do Kabum é boa, eles só precisam melhorar um pouco o pós-vendas (lembrando que o episódio foi em 2013, não sei como está agora).

      Também já tive dor de cabeça com a Pichau, no ano passado comprei uma placa mãe, o prazo de entrega venceu e nada da placa ser despachada. O atendimento sempre me passava uma data que nunca era cumprida. Neste caso uma reclamação no Reclame Aqui bastou para resolver (recebi a placa no dia seguinte), com um pedido de desculpas da loja.

      No geral o pós-vendas das lojas brasileiras é onde o bicho pega, quando justamente mais precisamos delas.

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