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Minha experiência pessoal com o Windows 1

Fazendo jus ao subtítulo do blog "onde o antigo e o moderno se encontram", após analisar o novíssimo Windows 8.1 Update 1, para esta presente postagem irei explorar e dar as minhas percepções a respeito do primeiro ambiente gráfico lançado pela Microsoft, o Windows 1.0!




As origens do Windows remontam ao final dos anos 1970, quando Steve Jobs fez a famosa visita ao PARC, centro de pesquisas da Xerox na Califórnia onde o paradigma da interface gráfica do usuário e do mouse foi criado. Talvez muitos estejam se perguntando: mas Michael, o post não é sobre o Windows e você está falando do Steve Jobs? Calma, já vamos chegar lá! :-)

Jobs ficou tão obcecado com o que havia descoberto que direcionou todos os esforços e recursos da sua empresa, uma tal de Apple, para ser a primeira a lançar comercialmente a interface gráfica do usuário e o mouse. E ele conseguiu: primeiro com o Lisa em 1983 e principalmente com o Macintosh em 1984, foi a Apple que mostrou para as massas que um computador poderia ser tão amigável que até a sua avó poderia utilizar um. Nada de ter que decorar comandos exóticos!

Mas Jobs não contava com a astúcia e o tino empresarial de Bill Gates, que não demorou para farejar os ventos da mudança que estavam por sacudir o mercado. Se aproveitando de um contrato que a Microsoft tinha com a Apple para desenvolver versões do MS-Office para os computadores da maçã, ele conseguiu obter praticamente em primeira mão os protótipos que a Apple estava desenvolvendo, inclusive do Macintosh, anos antes do lançamento. Gates compreendeu imediatamente que a interface gráfica era o futuro e representava um perigo real para a popularidade do padrão PC com o MS-DOS, e em novembro de 1983 anunciou o desenvolvimento do Windows com lançamento previsto para abril de 1984.


MS-DOS Executive: a interface principal do Windows 1

Porém o desenvolvimento do Windows se mostrou bem mais complexo do que Bill Gates imaginou, e a versão final do Windows 1 foi lançada apenas em novembro de 1985, dois anos após o anúncio, custando a bagatela de 99 verdinhas! Os requerimentos de hardware eram os seguintes:

  • Computador padrão IBM-PC com MS-DOS 2.0;
  • 256 KB de RAM;
  • Controlador gráfico e monitor CGA, EGA ou HGC;
  • Duas unidades de disquete de dupla densidade ou um disco rígido.

Paint

De qualquer modo, o Windows 1 não passava de um software DOS de 16 bits que roda no modo real. Não foi um sucesso comercial principalmente pelas limitações das máquinas de então: como na época memória RAM era um artigo de luxo, a maioria dos PCs contavam com algo entre 640 KB e 1 MB de RAM, e como o Windows também ocupava memória (e não era pouca), acabava sobrando menos RAM para a execução dos aplicativos. Por rodar no modo real, não há técnicas como a de memória virtual em disco para aumentar a janela para a execução dos programas - quando a RAM acabava era obrigatoriamente necessário fechar algum dos programas abertos.


Calculadora

Mas falando em programas abertos, um lado bastante interessante do Windows 1 é que ele já possuía suporte à multitarefa cooperativa (mais limitada do que a multitarefa preemptiva que existe atualmente). Logicamente que o número de aplicativos abertos ficava limitado à quantidade de RAM do equipamento.


Rodando o Write e o Paint juntamente com o MS-DOS Executive: a alternância entre os aplicativos é feita pela barra inferior em verde

Também é interessante notar que muitos dos componentes dos Windows atuais já estavam presentes, como o Paint, Write, o Painel de Controle, o Bloco de Notas...


Painel de Controle

Bloco de Notas

Claro que o relógio não poderia faltar!

Encerrando, o Windows só foi ter grande sucesso comercial a partir da versão 3 lançada em 1990, que foi quando as "aplicações gráficas" finalmente começaram a ter supremacia na plataforma PC e o Windows chegou mais perto do Mac em termos de usabilidade da interface gráfica. 

EDIT 06/10/2016: eia a impagável propaganda com o Steve Ballmer:



Um forte abraço a todos e até a próxima!

Veja também:

Minha experiência pessoal com o Windows 8.1 Update 1

Comentários

  1. Muito interessante como a base era a mesma, sobre as arquiteturas de multi tarefa, creio ser o 383 que trouxe de modo eficiente a execução via hardware de mais de uma tarefa por ciclo de clock aos chips, isso foi uma revolução no modo de execução de tarefas e na construção de softwares multitarefas, até porque para gerenciar isso com uma camada de software é bem mais complexo, do que utilizar instruções prontas de hardware.

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    1. A multitarefa preemptiva com as aplicações isoladas em memória surgiu com o 386. A multitarefa cooperativa consiste em chamadas que os próprios softwares fazem ao Windows para alterar entre as aplicações. Como não é o SO mas sim os próprios aplicativos que controlam a alternância, este método é menos eficiente e sujeito a falhas. Todos os softwares Windows de 16 bits trabalham com multitarefa cooperativa (preemptiva só a partir dos 32 bits).

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    2. Não é nem só isso, é uma ilusão que você acha que está executando mais de uma tarefa, justamente por você não ter isso implementado via hardware, ficando apensas um gerenciamento de aplicações mono tarefas executando uma de cada vez, de forma rápida, dando a ilusão que elas estão executando ao mesmo tempo, justamente por isso é cooperativa.

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    3. Mas mesmo na multitarefa preemptiva isto não acontece: neste caso os aplicativos são alternados pelo processador em pentelhésimos de segundo.

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  2. "mas Michael, o post não é sobre o Windows e você está falando do Steve Jobs? Calma, já vamos chegar lá!" Você deveria ter respondido com um "Calma, Cocada.", pra combinar com o clima nostálgico do site ;)

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