Em um país de memória curta, onde paspalhos que participam de reality shows (de horrores) são chamados de heróis, foi preciso que uma banda sueca relembre quem foram os verdadeiros heróis. E um deles fez parte da minha família.
Surgido em 1999, o grupo sueco Sabaton felizmente nos mostra que ainda há vida inteligente no mercado musical, e que não precisamos ficar apenas nos dinossauros dos anos 1960, 70 e 80 para termos uma boa música pesada. A bela Smoking Snakes, terceira faixa do álbum Heroes de 2014, presta uma justa homenagem aos integrantes da Força Expedicionária Brasileira que combateram na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.
Recomendo fortemente que vocês pesquisem sobre os três heróis brasileiros no Google, é uma história belíssima de bravura e coragem.
Aqui contarei através de imagens um pouco da história de um dos bravos que serviram na Força Expedicionária Brasileira, o meu tio-avô Gilberto Orlandini, irmão da minha avó paterna. Tenho um grande orgulho de pertencer à mesma família.
Este é o desfile das tropas no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, antes do embarque para a Itália:
Os lindos retratos de antigamente. Este é de antes do embarque:
Eis o Band Of Brothers brasileiro. O Gilberto é o segundo da esquerda para a direita. Quem ainda não assistiu à série, recomendo fortemente que assista!
Aqui no Monte Castello, após a histórica vitória das forças da FEB sobre a 232ª divisão de infantaria alemã. O meu tio-avô novamente é o segundo da esquerda para a direita, tendo integrado o 11º Regimento do 3º Batalhão de Infantaria da FEB. Notem o cenário de completa devastação ao fundo.
Hoje vivemos em um planeta cujas comunicações são instantâneas e onipresentes, porém em 1944 era muito diferente. Um jornal brasileiro, mesmo que de alguns meses atrás, chamava a atenção de todos que queriam saber o que estava acontecendo no tão querido país que eles bravamente representavam. Notem novamente a desoladora devastação ao fundo, algo que apenas um mortífero conflito pode causar.
Em um raro momento de descanso em uma trincheira, ele aproveitava para conferir as notícias:
Foto de um clássico tanque Sherman tirada por ele:
O conflito também atingiu duramente os civis, e não apenas em consequência direta dos combates. Faltavam alimentos e remédios, e aqui os valorosos soldados brasileiros dividiam as suas rações com os camponeses italianos:
A guerra sempre cobra um alto preço. Gilberto foi ferido por estilhaços de uma granada, e esta foto é de logo após a sua alta do hospital de campanha:
Eis quando, em 1945, a tão esperada notícia sobre o fim das hostilidades na Europa chegou à cidade de Jacarezinho no Paraná, que é a cidade natal do meu tio-avô e minha também.
Os distintivos originais do 3º Batalhão de Infantaria e da FEB da sua farda:
A sua identificação:
Assim como muitos outros heróis que combateram em solo italiano, os atos de bravura do meu tio-avô ficaram registrados para toda a eternidade.
Infelizmente Gilberto Orlandini não está mais entre nós, tendo falecido no ano de 1991. Certamente está reunido em um panteão reservado aos guerreiros que lutaram para livrar o mundo das trevas da tirania nazista, certo de que cumpriu com louvor a missão a ele confiada por Deus. Quanto a nós, cabe jamais deixarmos cair no esquecimento tão sublime feito.
Para finalizar, uma curiosidade: talvez muitos, principalmente os mais jovens, estejam se perguntando o motivo dos combatentes da FEB serem conhecidos como os “cobras fumantes”. Pois bem, como acontece por aqui até hoje em muitos aspectos, notadamente no âmbito político, havia um grande descrédito de que o Brasil pudesse entrar na guerra. Na época circulava uma infame piada, a qual dizia que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil enviar tropas para a Europa.
A cobra fumou.
Parabéns pela matéria, acredito que ainda alguns desses heróis, ainda, estejam vivos, porém esquecidos.
ResponderExcluirObrigado, certamente ainda há muitos deles vivos, porém sem receberem o merecido reconhecimento.
ExcluirBelo texto!!!
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirParabéns pela bela homenagem ao seu tio-avô. Ele com certeza ficaria muito feliz e ver um de seus descendentes homenageando-o desta forma.
ResponderExcluirMuito bacana também ter essas raras fotos que na epoca não eram tão faceis de se fotografar assim como é hoje, ainda mais em um ambiente de guerra.
Muito obrigado! Realmente as fotos são uma preciosidade histórica, que agora felizmente estão preservadas. Um grande abraço!
ExcluirTambém tive um tio-avô da Força Expedicionária Brasileira!
ResponderExcluirCOBRAS FUMANTES YOUR MEMORY LIVES!
Hoje é o aniversário da Tomada de Monte Castelo, aqui ninguém comemora exceto as Forças Armadas. Parabéns ao seu tio- avô, um verdadeiro herói.
ResponderExcluirVocê sabe dizer de onde veio a frase Cobras Fumantes eterna é sua vitória?
ResponderExcluirTio Gilberto Orlandini, irmão da minha mãe, Yolanda Orlandini Gasparetto, Tio Gilberto, sempre foi nosso Herói.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho.
Meu tio Gilberto, irmão de minha mãe Yolanda Orlandini Gasparetto, convivi muitos anos. Pescamos e caçamos juntos algumas vezes. Sempre contava da campanha de que a FEB realizou na Itália na 2a. guerra mundial.
ResponderExcluirEspetacular conhecer a história de meu lindo e querido tio GILBERTO, irmão de minha saudosa mãe, Hermínia Orlandini Navarro! Casado com Leopoldina, minha querida tia que reside em Jacarezinho - PR, minha terra Natal.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar a história do nosso querido tio Gilberto, irmão da minha mãe, Hermínia. Verdadeiramente um herói!
ResponderExcluirParabens pela matéria, o Gilberto Orlandini era irmão da minha vó Yolanda Orlandini Gasparetto.
ResponderExcluirMeu avô Gilberto orlandini e minha avó Leopoldina (que nós deixou 5/6/2024)
ResponderExcluirPuxa, fiquei muito triste com a notícia! Tive a satisfação de conhecer ambos (o Gilberto conheci quando eu ainda era um garoto), certamente agora eles estão reunidos junto a Deus. Um forte abraço!
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