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80386: a primeira CPU x86 de 32 bits (Parte 3 – Instalando o Windows 95 e o NT 3.1)

A Microsoft sempre dizia que o Windows 95 era capaz de funcionar em um 80386 DX. Pois bem, nesta terceira parte da saga sobre o intrépido 386 nós iremos colocar esta afirmação à prova, quase vinte anos após o lançamento oficial do sistema operacional. Além disso, também coloquei o célebre Windows NT 3.1 nele. Confira!


Instalação e uso do Windows 95 (e o upgrade do disco rígido)

Após uma consulta na minha coleção de disquetes, descobri que ainda tenho uma cópia da versão original do Windows 95 lançada em agosto de 1995 em treze disquetes de 1,44 MB e 3,5”. Cool!

Não são piratas, eu juro! :)

Antes de iniciar a instalação, porém, decidi verificar se estes disquetes ainda estavam em boas condições fazendo uma cópia dos mesmos em um diretório no disco rígido. Tudo ia bem até o sexto volume, o qual acusou um erro de leitura – tentei repetir a operação várias vezes e até mesmo trocar de unidade da disquete, mas o problema persistiu. Infelizmente isto é comum em mídias magnéticas, ainda mais no caso destes disquetes que estavam guardados há quase vinte anos!

Puta mundo injusto! :p

Assim tive que partir para outras alternativas: felizmente também encontrei na coleção um CD de instalação original do Windows 95 OSR 2.5! :)


Porém para utilizar esta mídia tive que acrescentar uma unidade óptica e também trocar o disco rígido: o OSR 2.5 ocupa bem mais espaço do que o Windows 95 original (o que estava nos disquetes) e desta forma o bravo disco Quantum de 210 MB não seria suficiente, sendo substituído por um Western Digital de 420 MB.


Disco rígido WD Caviar de 420 MB

Disco corretamente detectado pelo Setup

Outro detalhe técnico que eu tive que solucionar foi em relação à unidade de CD/DVD: os drivers de modo real que estavam no meu disquete de boot (o famoso SBIDE.SYS) não a detectavam de forma alguma, até que me atentei que era necessário mudar o endereço de I/O e a IRQ no arquivo CONFIG.SYS, o qual estava originalmente configurado para buscar a unidade óptica na porta IDE secundária e a mesma estava instalada na IDE primária, visto que a controladora Super I/O que estou utilizando tem apenas uma porta IDE.

Endereço de I/O (1F0) e IRQ (14) da porta IDE primária

Resolvido este impasse, foi possível fazer a instalação do Windows 95 OSR 2.5 sem problemas.


Infelizmente o Windows não tem drivers para a minha controladora Super I/O, então desta forma são necessários manter os drivers de modo real (para o MS-DOS) ativados no arquivo CONFIG.SYS, o que faz o Windows trabalhar em modo de compatibilidade.



Como exemplo, a unidade óptica só é ativada pelo Windows se o driver SBIDE.SYS estiver carregado, exatamente como no MS-DOS.

Unidade óptica ativada pelo driver SBIDE.SYS

Apesar do modo de compatibilidade o desempenho é bastante razoável, o que me permite corroborar a afirmação da Microsoft: sim, o Windows 95 é capaz de funcionar em um 386 DX, embora muito deste bom desempenho deve ser creditado ao 80386 "turbinado" de 40 MHz da AMD, o qual na sua época rivalizava em desempenho com os primeiros modelos de 80486 com um custo bem mais em conta (enquanto que o 386 “oficial” da Intel chegou a no máximo 33 MHz). Segue um vídeo com o boot do Windows 95 neste equipamento:


Deu até para instalar e usar o Office 97!

Apesar do seu requisito mínimo de sistema ser um processador 80486, o Office 97 rodou sem sobressaltos no 386

Instalação e uso do Windows NT 3.1

Como ainda havia algum espaço livre no disco rígido resolvi instalar também o NT 3.1, o primeiro Windows puro-sangue de 32 bits, o qual o nosso valente 386 também recebeu de peito aberto!

Instalando o NT 3.1

Tela de boot do NT 3.1. A opção MS-DOS carrega o Windows 95

O desempenho também ficou muito bom, melhor até que o do Windows 95 – nota-se a aqui vantagem de um sistema de 32 bits puro e multitarefa totalmente preemptiva. Considerando que o requisito mínimo do NT é 12 MB de RAM e o nosso 386 conta com 8 MB, o resultado é ainda mais interessante. Vejam o boot:


No NT 3.1 resolvi instalar o Office 4.3 (que contém os clássicos Word 6 e Excel 5), o qual sendo um software de 16 bits roda muito melhor no NT devido ao conceito WoW (Windows on Windows): juntamente com o software o NT carrega o núcleo de 16 bits do Windows 3.X totalmente protegido em memória mantendo a multitarefa preemptiva, ao contrário dos Windows 3.X e 9X (este apenas quando executa softwares de 16 bits, como é o caso do Office 4.3) que utilizam multitarefa cooperativa. No meu artigo sobre o NT 3.1 eu explico melhor os conceitos de multitarefa preemptiva, cooperativa e o WoW.

A clássica Splash Screen do Word 6... 


... e do Excel 5.


E chegamos ao final desta terceira parte do especial sobre o 80386! Aguardem as cenas dos próximos capítulos pois muitas novidades bacanas sobre o sistema estão a caminho. Um grande abraço e até a próxima!

Comentários

  1. Legal... Muito legal mesmo teu Blog!!
    Eu também me considero Técnico desta tantas e outras RetroEquipamentos de Informática,
    e gostei multo desta tua aventura.
    Um dia desses eu ressuscitei um velho Cirix 50 MHz com coisa de (sei lá), acho que 4 a 8 Kb de memoria..
    Então: gostei muito ae da publicação.

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    1. Muito obrigado e tome cuidado: o retrocomputing é contagioso! hehehe
      Abração!

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  2. Michael, zica foi converter um Cd do windows 98 OSR 2 - pelo menos os arquivos de instalação do windows em nada mais, nada menos que em 49 disquetes de 1,44 mb 1 1/2 hd.... Nosso antigo 486 não tinha drive de CD e por mais que eu tenha tentado instalar im cd rom nele, eu não tinha controladora IDE para colocar o drive de cd rom..... 49 disquetes e os arquivos do win 95 compactados pelo programa de compactação ARJ......

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    1. Caramba, isso foi épico! Meus sinceros parabéns! Me lembro quando tinha que formatar máquinas e fazer backup em disquetes com o ARJ, enchia fácil uma caixa de sapatos! E depois na hora de restaurar rezar para não dar pau em algum dos disquetes...

      Me lembro até hoje do comando:

      ARJ A -VA -RA A:ARQUIVO.ARJ

      Este esta para compactar. Para descompactar trocava-se o parâmetro A pelo X.

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  3. Isso em 2002 quando depois de 8 anos usando um Amd AM80486 Dx4 100Mhz com 16 megas de ram - que eram originalmente 8 megas de ram e HD de 540 megas da Quantum eu e meu irmão compramos um AMD Athlon Thinderbird de 1,3 giga, com 128 mega de ram - que mais tarde fiz upgrade para 1 giga de ram Dimm PC 133, HD Samsung de 20 gigas, Drive de CD LG e Gravadora de CD LG.... Tirei a gravadora e tentei instalar no 486 que usava Windows 3,11 e Dos 6,22, pretendia fazer backup e instalar o Win 95 em Cd no 486....

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    1. Você fez um salto gigantesco! Eu saí de um K6-III de 400 MHz para um Athlon Thunderbird de 1,2 GHz e já senti uma diferença brutal, fico imaginando você!

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  4. Saudade destas maquinas, do 486 e do Athlon. Ambas viraram doação a instituições de caridade... Nunca mexi tanto em placa mãe como na do Athlon Thunderbird..... Meu nome é Gilson Marcondes Ladeira, de Mogi das Cruzes-SP e acompanho o seu site desde 11/2015 e estou gostando muito viu! Saudações! Gostei muito da reportagem do 286 e do XT....

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  5. Olá. Possuo um 386 DX-40 com coprocessador, 8MB ram. Meu HD de 420 MB pifou. Vc tem ou conhece algum lugar que venda algum de tamanho parecido? Obrigado!

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    1. Cara, é complicado esses HDs antigos, só no ebay ou no mercado livre se tiver sorte no ebay os caras metem a faca no preço acho que é melhor um adaptador cf2ide, que permite que você use um cartão compact flash como HD, ou um sd2ide, que faz o mesmo só que com cartão sd, em máquinas mais modernas como pentium III ou 4 recomendo usar um adaptador de Satã para ide, embora talvez não funcione corretamente para ligar um ssd, embora essa seja uma péssima solução pra máquinas muito antigas.

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  6. vc se lembra o modelo da placa? tenho uma igual mas nao consegui identificar

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