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Uma viagem no tempo através da publicidade

Peças publicitárias antigas podem ser uma boa forma de voltarmos ao passado. E também para observarmos o quanto a tecnologia evoluiu.


A inspiração para esta postagem partiu da boa vontade do amigo leitor Wilquison Guio Coradi em compartilhar comigo uma série de livros e publicações antigas, todos no formato de e-book, material que imediatamente me fascinou. Muito obrigado amigo!

Vou iniciar a viagem não por um artigo publicitário, mas por uma passagem do livro “Como montar, configurar, e expandir seu AT 386/486” do mestre Laércio Vasconcelos, que juntamente com os mestres Gabriel Torres, Carlos E. Morimoto e José Ramalho é um dos ídolos deste que vos escreve. Em um dos capítulos o autor mostra alguns preços de componentes para ajudar o leitor a decidir em que investir. Confira:


Em 1992 (ano que o livro foi escrito) uma placa-mãe com um 80486 DX de 50 MHz com 4 MB de RAM custava mil verdinhas!


Nesta mesma época um winchester (bons tempos onde os discos rígidos eram chamados de winchester!) de 240 MB custava 500 dólares!

Passemos agora à publicidade em si. Os seguintes anúncios foram retirados do exemplar de 26 de setembro de 1995 (uma terça-feira) do Jornal do Brasil.


Um PC AMD 5x86 de 120 MHz custava R$ 1280, enquanto que um Pentium de 166 MHz passava dos dois mil – e nesta época havia paridade entre o real e o dólar!


Realize o seu sonho em 19 vezes! 😀


Um kit multimídia era muito desejado, ainda mais um Creative. Eu que o diga!


Um 486 DX2 de 66 MHz passava dos 1500 reais. Por apenas 200 a mais você podia expandir a RAM para incríveis 8 MB! E não é só isso: o upgrade para o Windows 95 estava garantido!


Falando no Windows 95, até que ele não era tão caro se comparado ao que a Microsoft cobra pelo Windows hoje…


Um 486 DX4 100 MHz com kit multimídia custava 2 mil reais. E com apenas 4 MB de RAM. 😱


Já este anúncio chamou-me a atenção pelo gabinete: igualzinho ao do Rebuild #1!


Armadilhas aos menos informados já haviam desde aquela época. Em 1995 o barramento VLB já estava em vias de extinção, pois foi suplantado pelo PCI com inúmeras vantagens. E este era o 486 DX2 de 80 MHz da Cyrix que utiliza o barramento local em 40 MHz, frequência crítica para a estabilidade do VLB. Quem comprou este PC com certeza teve problemas para atualizá-lo depois.

Tendências

Hoje pode parecer óbvio, mas na época o colunista foi corajoso ao fazer tal afirmação. O Windows 95 havia sido lançado há apenas um mês atrás e estava longe de ser um sucesso de público: a sua primeira compilação era tão infestada de bugs (só ficou melhorzinho após as edições OSR) que muitos preferiram voltar ao Windows 3.11. Sem falar que, como podemos ver nos anúncios, a maioria esmagadora dos PCs da época tinha apenas 4 MB de RAM e com esta quantidade de memória o Windows 95 ficava uma carroça.


Demais notícias

Se eu dissesse que as notícias abaixo são de 2017 com certeza ninguém estranharia. O Brasil realmente é um grande loop infinito de mediocridade.





Comentários

  1. O mercado cinza reinava absoluto. IBMs, Compaqs, etc, eram mosca branca.

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    1. Pois é. Nesta época ainda tinha a ressaca da reserva de mercado, que havia acabado em 1991.

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  2. Realmente computador nessa epoca era artigo de luxo. Eu demorei até montar meu primeiro pc, lá pelo ano de 1999. Acho que interessava-me mais por eletronica e só mais tarde envolvi-me com computadores. Tenho um livro "Reparação de radio receptores" de 1951 que era do meu pai, e que guardo como um tesouro, além de outras coisinhas antigas, e atualmente colecionando hardware antigo.

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  3. Encontrei na net várias tabelas com a evolução do salário mínimo ao longo dos anos. Seria interessante compará-las com os preços dos equipamentos nos anúncios.

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    1. Em uma pesquisa rápida vi que em 1995 o salário mínimo era de R$ 100, assim os computadores dessa época eram proporcionalmente bem mais caros do que hoje. Sem falar que em 1995 um real era equivalente a um dólar.

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  4. Muito legal mesmo estas propagandas antigas, eu tenho algumas de um jornal local aqui em .jpg, se eu achar envio pra você. Em 1994/1995 a pessoa tinha que ser "bala na agulha" para ter um PC.

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    1. É verdade, mas a situação já estava melhorando naquela época. Antes, lá pelos anos 80, até 1992, era muito pior. Os preços eram para além de estratosféricos. Os clones de sinclair, apple e msx, só podíamos vê-los de longe ou em revistas. Um clone de ZX81 com meros 2Kb de RAM aqui era vendido (propaganda enganosa) como um sistema profissional, por um preço absurdo. Lá nos EUA, o mesmo micro era vendido como um kit para o pessoal hobista de Eletrônica, a preço de banana. Aquela maldita reserva de mercado fez mais do que atrasar o país, fez uma coisa muito pior: roubou os sonhos de muita gente.

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    2. Isso sem falar dos clones do XT feitos pela Scopus: custavam 10 mil dólares, em valores da época!

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  5. Se em 1995 um "mero" 486 DX4 100 MHz, com 4 MB e com kit multimidia custava mais de R$ 2.000,00, imagine então um Pentium Pro 200 MHz, com 128 MB e HD de 6,5 GB, tinha que vender a alma para comprar um!

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    1. Só empresas mesmo podiam se dar ao luxo de ter um Pentium Pro, e olha lá.

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