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A crise está brava: AMD demite três diretores para tentar reagir

A maré está feia para a AMD. Segundo o IDC, no mercado de processadores x86, a Intel tem 82% de participação nos desktops, 90% no de notebooks e quase 100% (isto mesmo, você não leu errado) no de servidores - e para piorar, a empresa também tem participação quase nula no mercado de mobiles. Para tentar remediar tal situação a atual CEO da AMD, Lisa Su, decidiu mandar três diretores limparem as gavetas para dar lugar a profissionais com mais visão de mercado. As vítimas foram: John Byrne, diretor da área de computação e gráficos; Raj Naik, diretor de estratégia; e finalmente Collette LaForce, diretora de marketing.

O fato é que, após tantas glórias passadas nos processadores x86, a empresa parece que perdeu a mão. Depois de clássicos como o Athlon, Athlon XP e o Athlon 64 (com o conjunto de instruções x86-64 que revolucionou o mercado) a AMD dormiu em berço esplêndido enquanto que a Intel comia pelas beiradas com a arquitetura Core. A linha FX atual não atingiu a performance esperada e briga apenas com os chips de entrada e intermediários da Intel (mais ou menos como ocorria com os K6 lá nos anos 1990), o que explicaria a queda do diretor de computação.

Já o diretor de estratégia pode ser o principal responsável pela confusão que reina atualmente no portfólio da AMD: a linha FX, as APUs, os Athlon/Sempron de baixo custo e a profusão de soquetes: AM3+, FM1, FM2, AM1 - isto confunde o público não especialista (que saudade do Soquete A...), sem falar da falta de presença no mercado mobile. Quanto ao marketing, qualquer coisa que vier será melhor visto que o marketing da AMD simplesmente não existe há muito tempo.

Muitos dizem que foi a compra da ATI em 2006 que sangrou o caixa da AMD e impediu que empresa pudesse investir mais em pesquisa e desenvolvimento, o que é verdade. Por outro lado, foi a aquisição da ATI que permitiu à AMD entrar no mercado de GPUs com a série Radeon e ainda desenvolver chips SoC (System on Chip, que concentra o processador principal, processador gráfico e controlador de memória em um único chip físico) como o Jaguar, que equipa os consoles Playstation 4 e Xbox One. Estas duas operações são sem dúvida a principal fonte de renda atual da empresa.

Enfim, só nos resta torcer para que este movimento realmente injete um novo fôlego na AMD e que ela possa voltar a trilhar o caminho das glórias passadas. Monopólio não é bom para ninguém e tem um potencial enorme para atrasar a evolução tecnológica.

Comentários

  1. Bem resumido.

    Joel Hruska sugeriu tempos atrás a AMD descartar os Bulldozer e derivados (Piledriver, Steamroller) e usar como base para *todos* os seus processadores o Jaguar: http://www.extremetech.com/computing/174980-its-time-for-amd-to-take-a-page-from-intel-and-dump-steamroller

    Em teoria(TM), os descendentes do Bulldozer seriam a linha de alto desempenho e os Jaguar a de baixo consumo. O problema é que o "alto desempenho" dos Bulldozer mal faz cócegas nos i5 (se muito chega nos i3). Visto que nos servidores vai de mal a pior também, quem sabe a sugestão não faz algum sentido mesmo. Afinal estratégia semelhante deu nova vida à Intel quando os NetBurst foram para o lixo...

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    1. Ah, esqueci de mencionar os K12. Não sabemos de praticamente nada sobre eles por enquanto. Considerando que não sejam vaporware, os K12 terão que ser muito bons (aos moldes do K7 quando comparado com o K6), senão enterrarão mais ainda a AMD.

      Tenho visto uma movimentação para padronizar a plataforma ARMv8 no fórum UEFI. Acho que o monopólio da Intel poderá ser enfrentado com ARM daqui alguns anos se a AMD ficar parada. Com pleno suporte na especificação, acabarão* os quirks de hoje para inicializar em ARM. Fabricantes de placas-mãe terão uma plataforma para vender, como existe hoje com x86. Inicialmente ARMv8 começará sua incursão fora dos dispositivos móveis estreando nos servidores. Porém, com UEFI, não vejo por que não irá além.

      * A versão 2.4 já suporta oficialmente a arquitetura. Ok, não acabará por completo, pois os firmwares em si têm quirks e a especificação tem falhas (que vão sendo consertadas/esclarecidas com o tempo) que abrem caminho para implementações não uniformes. Contudo, é um grande passo.

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    2. Realmente, os K12 tem que ser muito bons para manter a relevância da AMD nos x86 - a empresa precisa desesperadamente de um novo Athlon, considerando o que este processador representou na sua época. Concordo também que com uma eventual queda da AMD só vai nos restar o ARM mesmo para desafiar o monopólio da Intel.

      Me preocupa também a letargia da AMD em outras frentes, por exemplo nos chipsets: a empresa ainda não tem um controlador PCIE 3.0 (não que isto faça diferença no momento, mas enfim...) e a família 900FX foi lançada no já longínquo ano de 2011. Tenso...

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  2. http://techreport.com/news/27794/report-amazon-shipped-counterfeit-kaveri-apus
    http://www.extremetech.com/computing/199033-amazon-accidentally-ships-counterfeit-amd-apus

    Era só o que faltava. O brabo é a piadinha que pelo menos os K8 tinham IPC melhor... trágico!

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    1. Obrigado por compartilhar os links! Eu já tinha lido sobre esta falsificação dos processadores AMD, uma nova roupa para o velho golpe que existe desde os anos 1990 - lembra quando malacos vendiam Pentium 100 como 133? :p

      Sobre a piadinha, o pior que é a mais pura realidade, tragicômico! Para mim o melhor processador da AMD continua sendo o Phenom II X6 1090T, o problema é achar um a um preço justo!

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  3. http://www.extremetech.com/gaming/210113-amds-q2-2015-results-show-limited-near-term-prospects-for-improvement
    http://techreport.com/news/28650/amd-reports-181-million-loss-for-q2

    Os SoC do PS4/XB1 correspondem a 60% da receita da AMD!

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    1. Realmente a coisa está feia mesmo para a AMD. Se ela não tivesse conseguido fornecer o Jaguar para a MS/Sony acho que já teria quebrado.

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